O Conselho Regional de Psicologia 9ª Região realizou na última terça-feira, dia 21, o “Sarau da Loucura”. A intenção era promover um debate em torno dos Direitos Humanos e da Saúde Mental, além de homenagear o Dia Nacional de Luta Antimanicomial ? dia 18 de maio.

Na ocasião, os participantes recitaram poesias e leram textos que tinham como tema a “loucura”. O evento foi aberto com o poema “Esta Espécie de Loucura”, de Fernando Pessoa.

Em seguida, a atriz Margarida, que integra o grupo Senhoras do Cerrado, declamou o poema Loucura, de Florbela Espanca. Outros textos e poesia também foram apresentados no Sarau. Alguns deles estão disponíveis ao final da matéria.

As apresentações foram feitas com um som de flauta ao fundo, tocada por um colaborador do Conselho. O repertório escolhido foi de músicas brasileiras, como “Caçador de Mim”, que tem como grande intérprete Milton Nascimento, e “Maluco Beleza”, de Raul Seixas.

Reflexão ? Houve também um momento de reflexão sobre a atuação do psicólogo na Saúde Mental. Para os presentes, é preciso estar sempre discutindo o nosso papel dentro da Saúde Mental, sem perder o foco da humanização do serviço de saúde.

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Veja abaixo alguns textos presentes no Sarau:

Esta Espécie de Loucura ? Fernando Pessoa, in “Cancioneiro”

Esta espécie de loucura
Que é pouco chamar talento
E que brilha em mim, na escura
Confusão do pensamento,
Não me traz felicidade;
Porque, enfim, sempre haverá
Sol ou sombra na cidade.
Mas em mim não sei o que há

Ser Doido-Alegre, que Maior Ventura! In “Este Livro que vos Deixo” ? António Aleixo

Ser doido-alegre, que maior ventura!
Morrer vivendo p’ra além da verdade.
É tão feliz quem goza tal loucura
Que nem na morte crê, que felicidade!
Encara, rindo, a vida que o tortura,
Sem ver na esmola, a falsa caridade,
Que bem no fundo é só vaidade pura,
Se acaso houver pureza na vaidade.
Já que não tenho, tal como preciso,
A felicidade que esse doido tem
De ver no purgatório um paraíso...
Direi, ao contemplar o seu sorriso,
Ai quem me dera ser doido também
P’ra suportar melhor quem tem juízo.