A Comissão Especial de Educação do CRP09 realizou no último dia 08 mais uma reunião aberta a categoria com o tema: Psicologia Escolar e a Medicalização da Educação e da Sociedade.
A reunião contou com a participação de diversas(os) psicólogas(os), entre elas, Anna Carime Souza, Geane da Silva Santos e Marisa de Medeiros Ferreira que debaterem pontos importantes da temática central da reunião, apresentando o conceito de medicalização, especialmente na educação, a relação com a atuação em psicologia escolar e educacional e as formas de enfrentamento.
Durante a reunião, foi apresentada a medicalização como sendo a transformação de questões sociais, políticas, econômicas, históricas, enfim coletivas, em questões individuais. E com isso, as dores próprias da existência humana, os modos de ser, de aprender, de se comportar, de existir, são interpretados por uma lógica que não os reconhece em sua diversidade, fazendo com que tais fenômenos e suas manifestações sejam interpretados como desordem biológica, psíquica, enfim, como transtorno. E sendo transtorno, o foco é o sujeito, desconsiderando assim a multiplicidade de fatores envolvidos na questão.
Para facilitar a compreensão das discussões foi pensado o contexto da escola, no qual as dificuldades vivenciadas no processo de escolarização, como a não aprendizagem de acordo com o que se espera muitas vezes é tida como um suposto transtorno de aprendizagem, localizado na criança e adolescente, deixando de fora da análise as condições da educação brasileira, como as políticas públicas vigentes, a ausência de recursos necessários para o desenvolvimento do trabalho dos profissionais da educação, dentre outros elementos que impactam de maneira significativa na produção de tais dificuldades.
Assim, devemos nos atentar à atuação em psicologia escolar e educacional (não apenas), para que não seja uma atuação produtora de medicalização, mas sim, capaz de lutar e promover práticas não medicalizantes. Isso pode ser realizado, por exemplo:
- Fomentando o debate e discussão na formação de psicólogas (os) para uma compreensão mais apurada da educação e suas especificidades;
- Fortalecendo uma prática em psicologia escolar que considere os processos e coletividade da escola e não apenas as crianças e “suas” dificuldades;
- Promovendo o diálogo com os profissionais da educação e articulação para um trabalho coletivo, reconhecendo o papel e contribuição de todos;
- Formação continuada sobre a temática da medicalização para profissionais de educação e saúde.
Como movimento que busca romper com práticas medicalizantes, temos o Fórum Sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, constituído por diferentes entidades e pessoas comprometidas com a luta por uma vida digna e uma educação de qualidade para todos e todas. O fórum foi fundado em 2011, e possui núcleos em diferentes regiões do Brasil. Em Goiás, temos um núcleo, recém-lançado, e que conta com a participação de profissionais de diferentes áreas, buscando estabelecer o debate em nosso estado e propor alternativas de superação de tais práticas em diferentes contextos e espaços.