Mesa “Sociedade Tarja Preta” tratou do polêmico uso de medicamentos na infância
Dezenas de profissionais da Psicologia e da Educação prestigiaram na Mesa Redonda “Sociedade Tarja Preta ? problematizando da medicalização da infância nas práticas interdisciplinares em educação e saúde”, que ocorreu no dia 29 de junho, na sede do Conselho Regional de Psicologia 9ª Região Goiás/Tocantins (CRP-09).
As psicólogas Alba Christiane Santana, Gisele Toassa e Sandra de Fátima Borges, compuseram a mesa, que foi coordenada pelo presidente do CRP-09, Wadson Arantes Gama. Segundo ele, essa temática tem um peso importante nos dias de hoje. “Devemos nos preocupar com os diagnósticos que indicam o uso de medicamentos tarja preta em crianças. Em caso de erro, isso pode acarretar um prejuízo muito grande ao paciente”, avalia.
Ao falar sobre o assunto, as psicólogas expuseram diferentes pontos de vista em relação ao uso de medicamentos fortes em crianças.
Alba Christiane Santana, que é professora na Faculdade de Letras da UFG, enfatizou o papel do professor na identificação de transtornos psicológicos em crianças. “Geralmente esse profissional é a primeira pessoa que sinaliza que está acontecendo alguma coisa. Por isso, ele deve ter o máximo de informações sobre isso”, destaca.
A psicóloga Gisele Toassa defende que há uma “psiquiatrização” (sic) da sociedade. “Há corporações farmacêuticas que querem vender medicamentos para pessoas saudáveis e, assim, usam figuras de especialistas para vender a ideia do TDA e TDAH”, diz. Ainda segundo ela, cerca de 10% da população dos Estados Unidos em idade escolar usam um remédio chamado “ritalina (o princípio ativo é o metilfenidato”. “O medicamento tem efeitos colaterais gravíssimos e não deve ser utilizado no que se refere à queixa e o fracasso escolar”, afirma Gisele.
Para Sandra Borges, há uma preocupação com a vulgarização do conhecimento científico. “Muitas pessoas entram em contato com esse conhecimento de uma maneira precária o que pode levar a conclusões erradas”, ressalta. Isso se reflete no uso da “ritalina” por pessoas saudáveis que querem ficar concentradas nos estudos por mais horas, como por exemplo, alguns “concurseiros”.