CRP-09 apoia ações do Outubro Rosa. Veja a entrevista com a psic. Arlene Barros

 

A campanha “Outubro Rosa” teve a sua primeira ação no Brasil em 2002, com a iluminação em rosa do Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo. Oito anos depois, ela virou campanha do Ministério da Saúde. A intenção é incentivar as mulheres a fazerem os exames de prevenção à doença.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o que mais acomete mulheres no mundo. Em 2013, estimaram-se para o Brasil 52.680 casos novos da doença, com uma projeção de risco de 52 casos a cada 100 mil mulheres.

Para colaborar com a temática, a Comissão Especial de Psicologia da Saúde e Hospitalar colocou o assunto na pauta de suas reuniões. A presidente da Comissão, conselheira Ionara Rabelo, explica a importância de se destacar ações que são promovidas com o objetivo de conscientizar as mulheres sobre o câncer de mama, já que esta doença é a causa de muitas mortes e mutilações em todo o mundo.

Para isso, destacamos algumas ações promovidas por planos de saúde no Estado de Goiás. A exemplo do IMAS-Goiânia, que durante o mês de outubro permitiu que suas usuárias realizassem a mamografia sem o pagamento da co-participação sobre o valor do procedimento.
O plano Cassi-Goiás promoveu palestras de conscientização. No dia 14, o tema foi “Câncer de Mama - Prevenção e Testemunhos de Superação”. Já no dia 20, o evento tratou “A importância do diagnóstico precoce na luta contra o câncer de Mama”.

A Unimed Goiânia também realizou a palestra “É tempo de se cuidar: Mulher consciente previne o Câncer de Mama”, no dia 27. Além disso, a entidade colocou em seu site informações sobre prevenção da doença.

Entrevista

Afim de compreender melhor o assunto e como é a atuação do profissional da Psicologia com pacientes acometidas pelo câncer de mama, o site do CRP-09 entrevistou a Psicóloga Hospitalar Arlene Barros, que atua no Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás ? ACCG na área do câncer de mama.

A psicóloga destaca a preocupação da Área da Saúde com o grande número de casos e também o apoio necessário à paciente durante o tratamento. Confira:

Qual a importância da campanha Outubro Rosa? Em que essas manifestações podem auxiliar no combate ao câncer?

A campanha Outubro Rosa é uma chamada de atenção para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Tem como objetivo informar e alertar o maior número possível de mulheres sobre a importância de se combater esse tipo de câncer. A campanha é marcada por ações do Ministério da Saúde em parceria com diversos órgãos e entidades, como o Instituto Nacional de Câncer ? INCA e o Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás ? ACCG, que intensificam os esforços pela detecção precoce do câncer de mama, visando um tratamento ágil e qualificado, que são fatores que contribuem para o bom prognóstico de cura.

Qual a maior preocupação dos profissionais da Saúde em relação ao câncer de mama?

A preocupação dos profissionais de saúde origina-se no conhecimento de que o câncer de mama é a primeira causa de mortes frequentes por câncer em mulheres e a quinta causa de morte por câncer, em dados gerais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O câncer de mama é motivo de grande temor nas mulheres, em decorrência do elevado índice de morbimortalidade e de mutilação, com consequente comprometimento da autoestima e do desenvolvimento social de quem é por ele acometido. Além de que, interfere sobremaneira nas relações sociais, pessoais, profissionais e efetivas.

Como é a atuação do profissional da Psicologia com uma paciente que tem câncer de mama?

A atuação do profissional da psicologia com uma paciente que tem câncer de mama precisa acontecer desde o momento da investigação diagnóstica, porque ao receber esse diagnóstico, a mulher vivencia a expectativa de um futuro incerto, de um caminho de grandes dificuldades e, também, o medo da morte e mutilação. Portanto, a mulher convive com sentimentos contraditórios e intensos, nos quais o medo, a raiva, a incerteza e até mesmo a aceitação passam a fazer parte do seu dia-a-dia. O modo como esse diagnóstico influencia a conduta da mulher, em parte é construído ao longo de suas experiências e do significado que a doença tem para ela. O acompanhamento psicológico deve continuar ao longo do tratamento (cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia), independente do estágio da doença, até mesmo em cuidados paliativos.

O profissional da Psicologia acompanha também os familiares cuidadores dessa paciente?

A confirmação do diagnóstico causa impacto psicossocial tanto na paciente quanto em seus familiares. Tal impacto requer uma rede social de apoio, com vistas a facilitar o reconhecimento e a aceitação da doença, e encontrar a melhor forma de adaptação. O profissional da psicologia acompanha esses familiares cuidadores em virtude desse entendimento de que se, em uma família um membro adoece, o restante da família passa a sofrer um adoecimento emocional, porque há uma mobilização em função da pessoa doente. O apoio psicológico é disponibilizado, então, a partir do diagnóstico até o final do tratamento. Em caso de óbito da paciente, prossegue-se com o suporte pós-óbito à família.

De acordo com o Inca, o câncer de mama é o que mais acomete as mulheres no mundo. Existe na ciência alguma razão para isso?

O INCA (2014) refere que cerca de 30% dos diagnósticos podem ser evitados adotando-se medidas mais saudáveis, como alimentação balanceada, atividade física e manutenção do peso ideal. O câncer de mama tem se tornado sério problema de saúde pública, pois vem aumentando tanto a incidência de casos novos como o número de óbitos em mulheres de todas as idades. Como justificativa para esta situação, sobressaem a educação deficiente das mulheres em relação aos fatores de risco e a demora em procurar atendimento, seja por falta de acesso, seja por medo ou negação da doença. Esta afirmativa do Ministério da Saúde revela não apenas o problema patológico em si, mas também à fragilidade da mulher que se vê diante de uma doença grave, mortal. Diante desta doença, a mulher passa por completa mudança em suas relações sociais, familiares e com ela mesma. Requer, portanto, além de uma assistência médico-hospitalar, assistência humanizada, capaz de vê-la como pessoa que sofre, mas que não perdeu sua essência.

O tratamento do câncer é feito com remédios que têm grandes efeitos colaterais. Como é feito o apoio às mulheres que enfrentam a doença?

 O apoio é feito a partir do esclarecimento dos possíveis efeitos colaterais provenientes dos tratamentos e do levantamento e construção de estratégias de enfrentamento mais eficazes e condizentes com a situação da paciente, considerando suas crenças, hábitos e qualidade de vida. É importante que a paciente seja assistida em conjunto com o mastologista, oncologista, radioterapeuta e nutricionista.

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