Apesar do dia 8 de março ser marcado muitas vezes por comemorações, o Dia Internacional de Mulher é uma data que surgiu de um movimento de luta que culminou em uma tragédia. Em 1857, operárias de uma fábrica de Nova Iorque fizeram uma grande greve para reivindicar melhores condições de trabalho. Dentre elas, a equiparação ao salário dos homens. A manifestação foi reprimida com violência e as mulheres foram trancadas na fábrica que foi incendiada. Cerca de 130 trabalhadoras morreram carbonizadas.
A realidade das mulheres do século 21 ainda não é a almejada pelas operárias da fábrica de Nova Iorque. A igualdade de gênero e a luta pela não-violência contra as mulheres estão entre as principais bandeiras a serem defendidas atualmente.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o quinto país onde mais ocorrem homicídios de mulheres no mundo. A conselheira do CRP-09, Ionara Rabelo, militante na área de Direitos Humanos, afirma que alguns direitos que hoje as mulheres têm não foram dados, mas sim conquistados. “Insistimos que o dia 8 de março ainda é um dia de luta e não de flores. Precisamos comemorar o quanto já caminhamos nos últimos anos e o quanto ainda precisamos enfrentar. As barreiras e as dificuldades por ainda sermos mulher”, ressalta.
A Psicologia é uma profissão composta por maioria de mulheres. Por isso, a conselheira Ionara acredita que ao fortalecer a luta de todas as psicólogas, logo haverá o fortalecendo de todas as pessoas que também precisam dessa profissional. “Precisamos fortalecer juntos não só a nossa profissão, mas a nossa identidade enquanto mulheres, no sentido de enxergar que todos têm os mesmos direitos. Que as mulheres possam sair às ruas andando sozinha, não importa a hora, não importa a roupa, que possam viajar sozinhas, não importa o país. Que possamos nos sentir livres para compartilhar os mesmo espaços que os homens compartilham”, diz.
Violência – o mapa da violência 2015, realizado a pedido da ONU com base nos dados do Ministério da Saúde em 2013, aponta que a principal forma de violência contra a mulher é a doméstica e familiar. “É a forma de violência que mais mata no Brasil. A cada sete homicídios contra mulheres, quatro foram praticados por pessoas que tinham relações íntimas de afeto com a vítima”, destaca Ionara Rabelo.
O estudo mostra ainda que em dez anos o número de mortes violentas de mulheres negras aumentou 54%, enquanto o número de homicídios de mulheres brancas diminuiu. A implantação da Lei Maria da Penha fez diminuir cerca de 10 % da taxa de homicídios contra mulheres praticados dentro da residência da vítima.