O CRP-09 apóia a iniciativa do Conanda e também presta homenagem a Volmer do Nascimento
O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente vem a público prestar uma homenagem póstuma a Volmer do Nascimento pelos relevantes serviços prestados à defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes no Brasil. Volmer do Nascimento participou ativamente da construção do movimento social em defesa dos direitos da criança e do adolescente neste país por intermédio de sua atuação no Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR), organização da qual foi coordenador pelo estado do Rio de Janeiro.
De sua longa lista de serviços prestados à nação brasileira, ressalta-se sua luta corajosa e intransigente contra o extermínio de crianças e adolescentes. Um Dossiê contendo uma longa lista de nomes de meninos e meninas brutalmente exterminados na localidade de Duque de Caixas (RJ), organizado pela equipe da Pastoral do Menor daquela cidade, entidade da qual fazia parte, talvez tenha sido o primeiro documento-denúncia do gênero no país e que contribuiu substancialmente para despertar a consciência nacional e internacional para o verdadeiro "genocídio" praticado contra crianças e adolescentes pobres e negros segregados nas periferias das grandes cidades brasileiras.
Páginas que o país ainda está muito longe de virar completamente. Volmer dedicou as últimas décadas de sua vida à implementação do Estatuto da Criança e o do Adolescente na região noroeste do estado do Rio de Janeiro.
Em sua atuação diuturna e cotidiana, contribuiu passo a passo para a construção e o fortalecimento dos mecanismos de exigibilidade de direitos como os conselhos dos direitos e conselhos tutelares. Contribuiu ainda para o combate a todas as formas de negligência e exploração de crianças e adolescentes e todas as formas de desigualdades sociais. Enfim, Volmer contribuiu para a elevação de crianças e adolescentes a um patamar de cidadania e dignidade.
A morte de Volmer certamente deixará saudades em todos aqueles que o conheceram e puderam compartilhar com ele a utopia de um país mais justo e igualitário. Contudo, sua morte não interromperá sua luta em favor dos direitos humanos da população infanto-juvenil porque nós a continuaremos, uma vez que ela faz parte de nosso cotidiano e, principalmente, de nosso projeto de sociedade.
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
Brasília, outubro de 2008.