CRP09 presta homenagem a profissionais pretas(os), pardas(os), indígenas ou de outras etnias

Publicado em 24/08/2021 às 14h00 | Atualizado em 26/08/2021 às 15h05

Reconhecimento a profissionais que muitas vezes acabam invisibilizados pela sociedade faz parte da Semana da(o) Psicóloga(o) 2021 

 

Durante a abertura da Semana da(o) Psicóloga(o) 2021, o Conselho Regional de Psicologia 9ª Região (CRP09) concedeu uma importante homenagem às profissionais pretas(os), pardas(os), indígenas ou de outras etnias, inclusive migrantes, que atuam em Goiás, como forma de reconhecimento pela contribuição ao fortalecimento da psicologia no estado. A homenagem tem relação com o processo histórico de exclusão e marginalização social, vulnerabilização, subalternização e apagamentos identitários que essas pessoas vêm sofrendo ao longo dos anos.

 

A homenagem foi apresentada pelo psicólogo Cândido Renato, conselheiro tesoureiro e presidente da Comissão Especial de Direitos Humanos do CRP09, que compartilhou dois vídeos representando as profissionais e os profissionais homenageados. A psicóloga Maria Aparecida Alves da Silva, que é mulher negra, reforçou a importância institucional do CRP09 e sua contribuição para toda a sociedade. A psicóloga Maria Elena Arias, que é mulher equatoriana, falou sobre sua vivência como profissional estrangeira no Brasil. Em seguida, Cândido fez a leitura dos nomes de todos os homenageados.

 

Em consonância com a campanha “Racismo é coisa da minha cabeça ou da sua?”, que objetiva registrar a história e a atuação do Sistema Conselhos de Psicologia em relação ao tema, bem como estabelecer novas contribuições a esse debate junto à categoria e à sociedade, a homenagem também teve o objetivo de marcar a existência, dar visibilidade e promover a ocupação dos espaços, principalmente espaços institucionais, como o CRP09.

 

Durante sua apresentação, Cândido Renato lamentou a invisibilidade de muitas(os) profissionais, o que resultou em grande dificuldade para fazer o levantamento dos nomes das(os) pessoas homenageadas(os). Até o momento, não foi possível identificar profissionais indígenas e quilombolas em Goiás, bem como a existência de mais profissionais pretas(os) e pardas(os), apesar de constituírem a maioria da população brasileira.

 

Luta contínua

 

A psicóloga Maria Aparecida Alves da Silva, doutora em Educação pela Universidade Federal de Goiás e psicóloga do Núcleo de Vigilância às Violências e Promoção à Saúde da Secretaria Municipal de Goiânia, ressalta a importância de uma entidade como o CRP09 apoiar e reconhecer a luta de profissionais negras e negros na categoria. Além disso, ela ressalta as conquistas alcançadas nas últimas décadas, especialmente após a consolidação de políticas de acesso às universidades, o que permitiu a formação de profissionais no meio acadêmico e no mercado de trabalho que conseguissem refletir e representar a diversidade da sociedade brasileira.

 

“Eu tenho um orgulho muito grande do CRP09, porque vejo muitas frentes de luta, não só pelos direitos das populações negras e indígenas, mas também em defesa das crianças. A atuação de um Conselho é muito importante, pois representa um segmento muito amplo de profissionais. São entidades que são muito consultadas e respeitadas durante os debates para a implementação de uma nova lei, por exemplo. Então, a posição do Conselho é sempre muito relevante e significativa. Além disso, o Conselho também acompanha e responsabiliza profissionais que, durante o exercício da psicologia, propagam discursos de ódio e cometem desvios que não condizem à boa conduta da profissão”, destaca Cida Alves.

 

O psicólogo Sam Hadji Cyrous, nascido no Uruguai e filho de pais persas, é graduado pela Universidade do Algarve, em Portugal, e doutorando da Universidade de Brasília em Psicologia Clínica e Cultura, e chama a atenção para as dificuldades e barreiras enfrentadas por profissionais imigrantes, que precisam superar diversos preconceitos motivados pela xenofobia para conseguir exercer a profissão no Brasil. Para ele, o preconceito e a burocracia existentes no país dificultam ações simples para estes profissionais, como abrir uma conta bancária, diminuindo as chances de se estabelecerem no mercado com as mesmas condições de seus colegas.

 

“Além dos entraves burocráticos que precisamos encarar por sermos estrangeiros, temos que enfrentar também diversos tipos de preconceito, seja com o tom de nossa pele, o nosso sotaque, ou até mesmo por parte de pessoas que acham que estamos ‘roubando’ os empregos dos brasileiros. Isso tudo é ainda mais intensificado se estivermos falando de uma profissional mulher ou de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+, que sofrem também toda a carga de preconceitos oriundos do machismo e da homofobia. Ser estrangeiro neste contexto, e exercendo uma profissão como a psicologia, te obriga a passar por um processo empático muito grande, diante de tantas dificuldades”, lamenta Sam.

 

Com o compromisso de atuar por melhores condições para todas as profissionais e os profissionais da psicologia em Goiás, o CRP09 reforça o convite para a Semana da(o) Psicóloga(o) 2021, que promoverá debates e discussões importantes para toda a categoria neste contexto de pandemia da Covid-19. A extensa programação acontece até o dia 27 de agosto, com palestras, mesas redondas, conferências e rodas de conversa.

 

Representando as(os) psicólogas(os) pretas(os) e pardas(os):

Ana Flávia Vieira de Mattos

Anna Karollina Silva Alencar

Aurelina Marinho Rodrigues Neta

Carolina Dias Costa Santos

Cecília Maria Vieira

Chiara Chistina Santos de Miranda Rodrigues

Cláudio Henrique Pedrosa

Daniele Soares Martins Azarias

Elcimar Dias Pereira

Hugo Ribeiro de Souza

Iohana Linhares Almeida

Ivancesar Leal de Souza

Jociane Sobreira Lessa

Joseleno Vieira Santos

Loide Maria de Assunção Sodré Alves

Marcielle Aparecida de Fátima Oliveira

Maria Aparecida Alves da Silva

Maria Luiza Moura Oliveira

Maurício Alves de Sousa

Mayk Diego Gomes da Glória Machado

Priscilla Menescal Vieira dos Santos

Rosy Lenny Mello Bueno Oliveira

Sandra Maria de Souza

Scheilla de Moura Alves

Tailane Soares de Sousa

Thais Maris Sales

Thais Menezes Rimoli

Thelma Adriana Guedes

 

Representando as(os) psicólogas(os) migrantes:

Ana Maria Monteiro dos Santos Aguiar

Anna Christina Pucci Gonçalves

Concepcion Torres Y Moreno Batista

Débora Sarmiento Alves de Araújo

Ines Rosa Zarate 

Luc Marcel Adhemar Vanndeberghe

Luciana Mendonça de Carvalho

Maria Elena Arias

Masao Mori Bello

Nelson Vieira de Paiva Junior

Rodolfo Petrelli

Sam Hadji Cyrous

Saturnino Pesquero Ramon

Stephanie Christina Colonna

Valentina Mendes Borges Rosa

 

A todas e todos vocês, o nosso muito obrigado por nos ajudar a construir uma psicologia cada vez mais plural.

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