O Janeiro Branco nasceu em 2014, a partir de um projeto de psicólogos e psicólogas atuantes na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais, e tornou-se uma campanha com visibilidade nacional. O principal objetivo do movimento é chamar a atenção para a necessidade de garantir o acesso de todas as pessoas à Saúde Mental no Brasil.
Diante do contexto da pandemia da Covid-19, a sociedade está ainda mais atenta à importância de inserir a Saúde Mental no cotidiano de todas as pessoas. No entanto, os dados sobre a Saúde Mental no Brasil mostram que ainda há um grande desafio a ser enfrentado. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, com 18,6 milhões de pessoas afetadas, e também o quinto mais depressivo.
Há ainda uma grande lacuna sobre a oferta adequada de Saúde Mental no Sistema Único de Saúde (SUS), dificultando o acesso de grande parte da população a serviços como acompanhamento psicológico, prevenção ao suicídio, estratégias de enfrentamento e resolução de problemas, entre outros.
O CRP09 também tem a promoção da Saúde Mental como um dos pilares de sua atuação, como forma de contribuir diretamente com a população e ressaltar a importância da psicologia para a construção de uma sociedade saudável. No ano passado, o Conselho promoveu diversos eventos, encontros e palestras que abordaram o tema. Em 2022, uma programação repleta de novidades também vai reforçar a importância deste movimento ao longo de todo o ano.
A psicóloga Ana Lourdes de Castro Schiavinato, conselheira presidente da Comissão Especial de Psicologia na Saúde do CRP09, reforça a importância de se pautar a Saúde Mental como uma das prioridades em nossa sociedade e antecipa alguns eventos e ações que abordarão o tema em 2022:
"É fundamental falarmos de saúde mental o ano todo. Uma campanha como o Janeiro Branco é importante, mas precisamos ressaltar que este é um tema que precisa ser debatido o ano todo. Este ano, teremos uma programação na Comissão Especial de Psicologia na Saúde que vai contemplar um evento com mesas temáticas, abordando saúde mental do trabalhador, saúde mental da criança e do adolescente, e o processo de desinstitucionalização da Luta Antimanicomial", adianta Ana Lourdes.
Outro aspecto importante da campanha é alertar para a necessidade de garantir a Saúde Mental para todas as pessoas. Desta forma, é imprescindível que o poder público desenvolva estratégias e políticas voltadas para a promoção da Saúde Mental – promovendo o acesso gratuito e universal às pessoas que não possuem condições financeiras suficientes.
Estima-se que somente em São Paulo, cidade com maior concentração de população de rua do Brasil, mais de 66 mil pessoas vivem sem moradia, ocupando espaços urbanos inadequados. Sem perspectivas e amparo do poder público, grande parte desta população acaba enfrentando problemas como a dependência do álcool e outras drogas, além de inúmeras questões que impactam a Saúde Mental.
Ao passo que a criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) tenha representado um grande avanço para a promoção da Saúde Mental, é preciso que o poder público invista ainda mais na ampliação e estruturação dessas unidades. Os CAPs substituem o antigo modelo manicomial e promovem assistência e tratamentos respeitando valores como universalidade, integralidade e equidade.
O CRP09 acompanha e valoriza os serviços psicológicos prestados pelo CAPs, posicionando-se em constante interlocução com as diversas esferas do poder público para apoiar projetos que ampliem a rede de assistência disponível no Estado de Goiás. A pandemia da Covid-19 ressaltou a importância da Saúde Mental para a construção de uma sociedade melhor, e a Psicologia deve se colocar como uma das protagonistas deste movimento.