Dia Internacional da Mulher aponta horizonte de lutas contínuas e reforça contribuição da Psicologia na busca por respeito e dignidade

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O dia 8 de março foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Dia Internacional da Mulher em 1977. A data foi estabelecida com o propósito de reconhecer a luta de mulheres de todo o mundo por igualdade e dignidade, denunciando a violência e a opressão cometidas por homens ao longo de toda a História.

As origens da data remontam a diversos movimentos feministas que se espalharam pelo globo nas primeiras décadas do século XX, como a jornada do Partido Socialista da América em Nova York, em 1909; a conferências de mulheres da Internacional Socialista, em Copenhague, em 1910, e a grande passeata de mulheres ocorrida na Rússia, em 1917.

Atualmente, a data é um momento simbólico para que as mulheres possam celebrar suas conquistas e reforçar suas demandas históricas, ressaltando o longo caminho que ainda precisa ser percorrido para que se possa alcançar, finalmente, a desejada condição de igualdade de direitos e oportunidades. A pandemia da Covid-19 trouxe mais vulnerabilidade a um grande número de mulheres, desencadeando o aumento significativo nos casos de violência doméstica, depressão e tentativa de suicídio.

A Psicologia exerce uma contribuição fundamental nos esforços para que se possa reverter este cenário alarmante. Como frisa a psicóloga Andrielli Kechichian Bessa (CRP 09/01771), a Psicologia desempenha um papel importante na construção da autoestima e da autonomia do indivíduo, podendo ajudar mulheres a se distanciarem dos valores e cobranças impostas por uma sociedade indiscutivelmente machista, misógina e patriarcal.

“A Psicologia desenvolve o respeito pelas diversidades, apresentando o indivíduo como um ser completo. A mulher tem, então, o poder de determinar o que é melhor para si, o caminho que deve seguir e as coisas que deve aceitar ou recusar. O autoconhecimento e o autocuidado ajudam no discernimento do que é melhor para cada mulher”, analisa Andrielli.

A psicóloga Cida Alves (CRP 09/01289) afirma que a própria Psicologia também precisa avançar para se libertar do machismo estrutural que ainda permeia muitos dos conteúdos científicos e práticas da área. Muitos destes conceitos, atrelados a ideias como a castração feminina e a inveja do pênis, estigmatizam e desvalorizam a mulher, a colocando como um ser incompleto diante do corpo masculino.

"A mulher precisa ser entendida como um ser completo, íntegro e que não é comparável a uma estrutura construída socialmente para valorizar o ideal masculino. Precisamos rever conceitos e práticas que desvalorizam as mulheres. É muito importante que a Psicologia se engaje no entendimento de gênero e da importância de respeito às subjetividades. A construção social que determina valores masculinos como superiores, como a força e a racionalidade, e atribui ao feminino a emoção, a fraqueza e a debilidade, gera danos à subjetividade feminina e também pode desencadear consequências futuras. Ainda temos muito trabalho pela frente", ressalta Cida.

Para a psicóloga Patrícia Dourado Lopes (CRP 09/01693), as conquistas e os avanços das mulheres em uma sociedade predominantemente machista são inegáveis e precisam ser reconhecidos, mas o cenário ainda é de muitos desafios enfrentados cotidianamente, como diferença salarial, falta de apoio e credibilidade, jornada estendida, preconceito, assédio moral e sexual, entre tantos outros. Essas violências simbólicas praticadas diariamente podem afetar de forma profunda a saúde mental das mulheres.

"Ao meu ver, a violência é a porta de entrada para a instauração de vários distúrbios psicológicos, independente da intensidade ou da forma com que ela seja praticada contra a mulher. Sofrer qualquer tipo de violência significa estar susceptível a fragilizar-se emocionalmente, podendo na maioria das vezes levar ao desenvolvimento de distúrbios como ansiedade, depressão, stress, baixo autoestima, paranoia, etc. O feminicídio exacerbado de nossos tempos é um parâmetro revelador de como a mulher é vítima majoritária das relações abusivas e doentias de nossa sociedade", alerta Patrícia.

O panorama que se apresenta é o de uma luta contínua e ainda muito longe do fim, que agora se torna ainda mais importante no contexto de pós-pandemia que a sociedade se prepara para encarar pelos próximos anos. As dificuldades enfrentadas são ainda maiores para grupos historicamente tratados de forma marginalizada e sem a devida atenção do poder público e demais esferas sociais, como mulheres transexuais e travestis.

“As mulheres que estão enfrentando qualquer tipo de vulnerabilidade, especialmente em situação de violência, precisam de assistência na área de saúde mental. Se antes já era importante, agora no pós-pandemia torna-se fundamental, diante de todo o sofrimento, o aumento nos casos de violência doméstica, o número exponencial de feminicídios. A atenção à saúde mental, compreendendo a diversidade da situação da mulher, é imprescindível, pois pode protegê-la de novas violências e também prevenir situações tão extremas como é o feminicídio e o suicídio. O Brasil ocupa o primeiro lugar como país que mais mata mulheres trans e travestis, e a Psicologia precisa estar junto na defesa das diversas condições e singularidades femininas, enfrentando a visão conservadora. A luta das mulheres tem avanços e desencadeia a contrarreação do machismo, mas precisamos seguir firmes em busca do respeito e da dignidade para todas as mulheres”, afirma a psicóloga Cida Alves.

O papel da Psicologia como espaço que oferece ferramentas de empoderamento pessoal e coletivo, contribuindo para o resgate do ser humano e de sua integralidade, demanda também investimentos do poder público na garantia do acesso à saúde mental, por meio do fortalecimento das redes de apoio e atenção, como reforça a psicóloga Patrícia Dourado.

“O acesso à saúde mental para mulheres em situação de risco é uma maneira de tentar salvaguardar sua integridade psicológica e a reconstrução de sua autoestima. Existem políticas públicas, porém ainda muito precárias no atendimento à uma demanda tão vasta. Ainda é necessário muito investimento, e um olhar mais amplo para a atuação da profissional psicóloga e do psicólogo na esfera social”, defende Patrícia.

Neste Dia Internacional das Mulheres, a mensagem de luta e sororidade precisa da compreensão de todas as pessoas para que possa alcançar seu objetivo. Por isso, a psicóloga Andrielli Kechichian Bessa insiste também na necessidade de que homens estejam mais preparados e conscientes sobre a importância da voz feminina.

“A nossa voz precisa ser ampliada, respeitada e ouvida. Mesmo na Psicologia, onde as mulheres são a maioria em quantidade de profissionais, ainda existe, em muitos casos, a busca da validação da voz feminina por um homem. Precisamos reverter esse cenário, pois somos seres completos que independem da presença de um homem para existir”, afirma Andrielli.

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