"O SUAS convoca definitivamente a Psicologia para o trabalho com as famílias em situação de vulnerabilidade e risco no Brasil."
No segundo dia do Seminário Regional de Psicologia e Políticas Públicas, aberto na noite de sexta-feira,17, e realizado pelo VII Plenário ? "Pluralidades - Psicologia ética, transparente e socialmente responsável" do Conselho Regional de Psicologia Goiás/Tocantins (CRP09 GO/TO), a responsabilidade social de psicólogas e psicólogos esteve em destaque em várias apresentações, palestras e oficinas, reforçando a necessidade de uma atuação profissional cada vez mais voltada para a cidadania e, consequentemente, para a a dignidade humana.
Exemplos para isso não faltaram. Na conferência do professor Onofre Guilherme dos Santos Filho (PUC-GO), "Entremeando a Psicologia e o Direito: o Imperativo da Dignidade da Pessoa", o conferencista falou sobre a luta por uma Psicologia Jurídica transformadora, ressaltou a importância dos princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" e aproveitou para lamentar que existam "poucos ou praticamente nenhum" seminários de bioética com a participação de psicólogas e psicólogos, profissionais que, na opinião dele, são imprescindíveis para esse debate.
Já Juliana Fernandes, coordenadora geral de Serviços Especializados a Famílias e Indivíduos do Departamento de Proteção Social Especial do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), apresentou, em sua oficina, dentre outras abordagens, a concepção do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e elogiou a iniciativa do CRP09 GO/TO em realizar o Seminário: "esta é mais uma oportunidade de debater a atuação dos psicólogos e psicólogas no SUAS. Hoje temos um vasto campo de trabalho para a Psicologia na política de Assistência Social e isso exige a construção de conhecimentos e da qualificação adequada. O CRP09 criou aqui um espaço valioso para repensar práticas, discutir responsabilidades e contribuir para o preparo dos profissionais. No campo da proteção social especial a Psicologia é indispensável", afirma.
Psicologia para todos
A coordenadora argumenta que "as pessoas que precisam da proteção especial vivenciam não só questões sociais que merecem análise, mas também situações que impactam sobre a subjetividade dos indivíduos como situações de violência, de abandono e outras. Aí, é preciso ter o olhar da Psicologia". Para ela, o trabalho de psicólogas e psicólogos no SUAS vai transformar a noção pré-concebida presente no imaginário coletivo de que a Psicologia é uma profissão voltada para as camadas mais abastadas da população. No SUAS, as pessoas mais carentes e vulneráveis podem se beneficiar do trabalho psicológico. "A formação profissional tem que incorporar os conteúdos e as metodologias necessárias. O SUAS convoca definitivamente a Psicologia para o trabalho com as famílias em situação de vulnerabilidade e risco no Brasil," afirma Juliana, categoricamente.
Segundo a coordenadora, o Seminário de Políticas Públicas do CRP09 GO/TO "reforça o compromisso que os profissionais têm com o trabalho no campo social e também a necessidade, urgente, de se prepararem para, além de ofertar o atendimento, realizá-lo da melhor maneira possível. O MDS quer aprimorar o SUAS e qualificar a atenção prestada. As pessoas têm direito a bons serviços públicos e vejo aqui, nesse Seminário, a vontade de caminhar nessa direção. Isso é muito bom para o País," garante.
Neste sábado, último dia do evento, serão apresentadas práticas exitosas e/ou inovadoras nos eixos de Políticas Públicas e Justiça, Políticas Públicas e Saúde e Políticas Públicas e Assistência Social, além dos desafios e avanços em todas as áreas. Estarão em pauta temas como : a atuação dos profissionais da Psicologia no Sistema Único de Saúde (SUS), no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e em unidades penais e delegacias, estresse pós-traumático, Gênero e sexualidade, mobilidade humana, psico-oncologia pediátrica e com adultos, o trabalho em uma unidade de Saúde da Família (ESF, o antigos PSF),gerontologia social, questões dos idosos, das mulheres e dos povos indígenas, tráfico de seres humanos, transexualidade, prevenção e controle da obesidade, trabalho em um Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), direitos humanos e a atuação do CREPOP.
Reportagem: Polliana Martins (assessora de Comunicação do CRP09 GO/TO)