A seção de base no Tocantins do Conselho Regional de Psicologia 9ª Região participou de evento na quarta-feira, dia 18 de maio, para celebrar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Durante todo o dia foram realizadas atividades para discutir tema, reunindo até 500 pessoas.
O coral do Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) 2 de Dianápolis, composto por usuários e servidores do local, cantou várias canções - entre elas uma composição própria. O grupo integra o projeto Águia Pequena e tem realizado apresentações diversas no Estado, levando a mensagem de cuidado com liberdade, resgate da autoestima e promoção dos direitos sociais.
Após a apresentação, a assistente social e coordenadora da área técnica de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde, Esther Cabral, falou sobre o movimento da reforma psiquiátrica no Brasil e o processo de desinstitucionalização do doente mental, que é a bandeira do Movimento da Luta Antimanicomial. Esther ressaltou ainda os desafios e perspectivas para a reinserção familiar e social, participação no controle social e quebra de paradigmas da atenção em saúde mental.
Durante a palestra, a assistente social narrou as ações no Tocantins, que conta com dois Caps 2, oito Caps 1, um Caps Ad, uma residência terapêutica, 10 leitos em saúde mental no Hospital Geral de Palmas e 160 leitos em hospital especializado, além de quatro ambulatórios de saúde mental. Esther contou ainda como está o processo de implementação de três Caps-AD 3 abertos 24 horas: um em Araguaína, que já está sendo instalado, e outros dois em Palmas e Gurupi.
A professora da Universidade Federal do Tocantins (UFT), especialista em saúde mental e doutoranda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Graziela Scheffer Machado, discutiu os processos históricos de discriminação e de exclusão do sujeito que sofre de transtornos mentais; a demanda pela política de intersetorialidade e acessibilidade, comunicação e interlocução das políticas sociais do Estado.
O professor e supervisor de estágios do curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp Ulbra), Victor Meneses de Melo, apresentou questionamentos acerca da preparação dos profissionais de Psicologia para o enfrentamento das práticas manicomiais, ressaltando a dificuldade em implementar ações efetivas como alternativas à medicalização do transtorno mental.
Após as palestras foram debatidas propostas de atenção em rede na área de saúde mental - entre elas a iniciativa de se formar, junto a Secretaria de Estado da Saúde, o colegiado dos CAPs e serviços assistenciais em saúde mental. Também foi abordada a necessidade de se retomar proposições e articulações que possam resultar na aprovação da Lei Estadual da Saúde Mental.
O evento reuniu cerca de 160 pessoas pela manhã no mini-auditório do Ceulp Ulbra, entre usuários e trabalhadores dos CAPS 2 de Dianópolis, Porto Nacional e Palmas, equipe da área técnica de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde, coordenação de Saúde Mental de Palmas, colegiado gestor da seção de base do Tocantins e professores e alunos dos cursos de Psicologia e Enfermagem.
Palmas Teares
A equipe do curso de Comunicação Social do Ceulp também participou do evento, criando painéis nos muros da capital do Tocantins e noticiando a proposta aos meios empresariais e governamentais. Junto com representantes dos cursos de Enfermagem e Psicologia, a equipe conheceu ainda a realidade dos CAPs e dos usuários e familiares de pessoas com sofrimento mental.
À noite, quando mais de 500 pessoas estiveram no auditório do Ceulp Ulbra, o doutor em saúde pública e professor da Unesp, Silvio Yasui, apresentou o histórico do sistema manicomial desde a revolução francesa, enfatizando as dimensões societárias da atenção a saúde mental, espaços urbanos e inclusão/exclusão social. Em seguida houve uma mesa redonda com a participação da arquiteta e urbanista Patrícia Orfila Barros dos Reis, professora na UFT, o secretário municipal de Saúde de Palmas, Samuel Braga Bonilha, e o médico psiquiatra e professor no CeulpUlbra, Mardonio Parente. Foi também lançado o portal (EN) CENA, produzido coletivamente pelos professores e alunos do Ceulp/Ulbra.
Agradecimento
A psicóloga Kathia Nemeth Perez, da Comissão de Saúde Mental, parabeniza os presentes pelas explanações e os participantes que deram suas contribuições ao debate. Ela coloca à disposição o espaço da seção de base do Tocantins aos parceiros do Movimento da Luta Antimanicomial e ressalta a necessidade de manter articulação entre os vários atores sociais desse processo.
Pintura em um dos painéis feitos por estudantes do Ceulp Ulbra
Equipe de recepção junto com a coordenadora da seção de base do CRP,
Kathia Nemeth Perez
Apresentação da equipe de comunicação do Teares
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Mesa redonda para discutir saúde mental
Plateia acompanha evento no auditório do Ceulp Ulbra
Apresentação do coral do CAPs de Dianópolis
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Apresentação de Esther Cabral
Apresentação de Graziella Sheffer
Apresentação de Victor Melo