Nos dias 25 e 26 de março, acontecem o Curso Básico da Liga da Mama e o II Simpósio Acadêmico de Mastologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, no Auditório da Faculdade de Educação da UFG. O Conselho Regional de Psicologia 9ª Região, através da Comissão Especial para Acompanhar as Demandas de Discentes de Psicologia, está apoiando os eventos.

Para elucidar o trabalho desenvolvido pela Liga, o CRP-09 entrevistou a coordenadora da área de Psicologia da Liga da Mama, Márcia Faria Veloso.

Confira:

- Qual a importância social da Liga da Mama?

Desenvolver projetos e atividades de extensão de caráter multidisciplinar, junto à comunidade (capital e interior de Goiás), no combate ao câncer de mama nas várias abrangências ? ensino, assistência, pesquisa e extensão ? com participação supervisionada de equipe multidisciplinar em campanhas públicas, palestras educativas, além de assistência psicológica a quem foi diagnosticada por de câncer de mama.

No aspecto preventivo, são realizadas atividades em shoppings, escolas, CAIS, parques, congressos. O atendimento ambulatorial é realizado no Serviço de Mastologia/HC e nas Unidades Básicas de Atenção à Saúde, em dias e horários previamente estabelecidos. Beneficia as populações femininas adultas e profissionais de saúde, que lidam com a prevenção e tratamento das doenças mamárias. Os programas educativos contínuos buscam diminuir os estigmas que as representações psicossocioculturais negativas exercem na população, visando, principalmente, a mudança desta realidade e promovendo a conscientização por meio da organização coletiva, de modo participativo. Ou seja, mobilizando, para isso, toda a comunidade.

Este trabalho busca ainda reduzir o desconhecimento da comunidade quanto à periodicidade do autoexame, ao exame clínico das mamas, à necessidade da mamografia e aos direitos de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), além do medo que a mamografia costuma provocar.

São realizados ainda grupos psicossociais, desenvolvidos na sala de espera da quimioterapia e atendimento da mastologia de caráter informativo, educativo e terapêutico.

- Qual a importância acadêmica do estudante de Psicologia que atua nesse projeto?

O projeto possibilita a capacitação dos acadêmicos para melhor atendimento em relação às doenças da mama e, ainda, conhecer os processos psíquicos pelos quais passam as mulheres com câncer de mama durante as fases do tratamento, entendendo sua dinâmica psíquica, seus medos, angústia e fantasias que podem interferir em uma melhor resposta no tratamento. E ainda, aplicar os recursos técnicos utilizados para minimizar o sofrimento psíquico causado pelo adoecer e pelas perdas entre pacientes com câncer de mama.

- Qual o objetivo do Curso Introdutório da Liga da Mama? Como é o preparo desse futuro profissional que irá atuar com pacientes com câncer?

O objetivo do curso é introduzir conhecimentos básicos sobre a patologia do câncer de mama e de aspectos psicológicos envolvidos no mesmo. Após o curso, há uma seleção dos candidatos para preencher o número de vagas existentes para participação na Liga da Mama. No caso da psicologia são oferecidas três vagas, tendo como critério uma prova, entrevista e o candidato estar matriculado a partir do 7º período do curso.

Deverá ter disponibilidade de, pelo menos, quatro horas semanais e cumprir atividades práticas (sob supervisão) e didático-científicas (aulas da mastologia e psicologia, discussão de casos, entre outros).

- Como é o acesso do paciente a esta Liga? Todos os pacientes em tratamento de câncer de mama recebem esse acompanhamento?

O acesso à Liga da Mama é aberto à população em geral que comparece às campanhas educativas e de rastreamento de câncer de mama, bem como as pacientes atendidas e acompanhadas pelos profissionais que compõe o Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas UFG, além dos que demandam atendimento psicológico, como pacientes e familiares. A equipe do programa é composta por mastologistas, oncologista, cirurgião plástico, fisioterapeuta, enfermeiros, psicóloga e assistente social.

- Como o profissional da Psicologia pode auxiliar os familiares do paciente em tratamento de câncer?

Prestando atendimento psicológico individual e grupal nos diversos momentos do tratamento, podendo avaliar, escutar e intervir nos aspectos emocionais como medo, depressão, ansiedade e formas mais adequadas para lidar com perda. Além disso, é interessante buscar recursos psíquicos e estratégias de enfrentamento que possam reduzir o nível do estresse presente nos componentes familiar e/ou cuidador (sic) da mulher com câncer de mama. Tem ainda um papel de buscar facilitar a humanização do atendimento.