Confira a entrevista com o psicólogo doutor Rodolfo Petrelli

Publicado em 02/02/2012 às 10h20 | Atualizado em 02/02/2012 às 10h20

 

  

 

 

 

 Precursor do primeiro curso de Psicologia em Goiás (na PUC-GO) e idealizador de projetos como o Aldeia Juvenil, o professor, psicólogo e Doutor Rodolfo Petrelli pretende ensinar agora em terras tocantinenses. De malas prontas, ele mostra entusiasmo frente ao novo desafio, como se fosse o primeiro.

Renomado psicólogo jurídico e referência internacional em psicodiagnóstico Rorschach, Petrelli concedeu uma entrevista ao site do CRP-09 antes de sua mudança para o Tocantins. Ele fala sobre a sua experiência e deixa um recado aos “novatos” na Psicologia. Confira:

 

 

O senhor é pioneiro em diversos projetos bem sucedidos e que trouxeram reconhecimento à sua atuação. Depois de obter sucesso nas atividades empenhadas, o que o motiva a encarar o desafio de ajudar na estruturação de um curso de Psicologia no Tocantins?

A Psicologia como “ciência”! - de rigor (Husserl) é um instrumento que libera as pessoas dos seus estágios primitivos, dos seus transtornos, das correntes que as reténs à “tirania da malicia” (J. Berke).

Este instrumento deve ser repassado como “saber” prático-político ao povo para adquirir consciência e coragem na conquista dos seus direitos.
As regiões do extremo Tocantins limítrofes das perdidas terras do Pará, do Maranhão, do Piauí, do Mato Grosso, precisam de psicólogos.

Como o senhor vê a formação em Psicologia hoje comparada à época do surgimento do curso em Goiás? O senhor foi um dos precursores do primeiro curso no Estado, o da PUC-GO.

Fui precursor do curso de Psicologia na UCG, agora PUC; mas tive o privilégio de ser acolhido pelos fundadores do curso de Psicologia; a “lista” é extensa.
Trabalhamos juntos na diversidade e no respeito, na dialética e no diálogo, abrindo a Psicologia para as diversas áreas de atuação, privilegiando, porém, a saúde individual e comunitária-social, a área do ensino-aprendizagem e dos direitos humanos dos trabalhadores. Acho que nós todos “precursores” deixamos este recado: “Humanizar a Psicologia”.

O senhor é uma referência internacional na área de psicodiagnóstico Rorschach. O senhor acredita que os seus estudos contribuíram para o desenvolvimento da Psicologia?

O Rorschach foi, e, é o meu “cajado” nas caminhadas da Psicologia. Ofereci este instrumento diagnóstico para a compreensão e seu uso a muitos alunos e agora competentes colegas; não posso, porém, esquecer que a professora Marizethe Malaguth foi a pioneira do Rorschach no Estado de Goiás e ainda é uma eminente estudiosa com a qual tive a honra de colaborar.

Está próxima a publicação do “meu sistema” Rorschach: instrumento compreensivo não apenas da complexidade do comportamento humano, como também do seu “mistério”. Meu sistema investiga não apenas o homem como “Natureza”, mas como “Espírito” (Binswanger ? Minkowski, Jaspers, V. Frankl).

Apliquei, para o uso compreensivo dos dados Rorschach, a abordagem fenomênica existencial que privilegia a metodologia qualitativa, preocupada em colher a “Presença” como categoria a-priori da Existência nas suas estruturas dinâmicas de “consciência” ? “intencionalidade”, e da “responsabilidade”, traços expressivos da evolução ética da personalidade.

O senhor é um dos idealizadores do Centro de Estudo, Pesquisa e Extensão Aldeia Juvenil (Cepaj), vinculado à PUC-GO. Quais foram as dificuldades iniciais? Quais os frutos colhidos?

A “Aldeia Juvenil” nasceu do carisma de São Luigi Orione que recebi como herança e que pretendo que motive e oriente o meu projeto profissional na Faculdade Católica Dom Orione em Araguaína ? Tocantins.

Dom Orione e os seus apóstolos que eu conheci pessoalmente em Roma, já na minha infância, se dedicaram à assistência das crianças e adolescentes órfãos, vítimas da 2ª Guerra Mundial.

Crianças e adolescentes hoje são vitimas de uma guerra mais diabólica: a pobreza, o abandono, a exclusão e os vícios decorrentes; drogas ? delinquência e crime estão matando os “nossos filhos”!

Desejo que o Cepaj não apenas seja um centro de referências de estudos teóricos destes eventos, mas, especialmente um centro animador de uma vasta rede de assistência “amorosa”, que encontre na PUC a sua força maior.

Qual o conselho o senhor poderia dar a um psicólogo que está saindo agora da graduação?

Colega recém-formado com a sua carteira profissional na mão: seja um militante ? um protagonista e um líder. Ser militante significa abrir novos caminhos; ser protagonista significa entrar antes e sozinho na luta; ser líder significa conduzir os outros perdidos ou parados nas “calçadas” da vida. Depois pense na Pós-Graduação!

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